SAMIR DE OLIVEIRA RAMOS
 

ÁGUA

- no delírio do jejum prolongado
 

Ao nascer, chorei.
De cabeça pra baixo me vi,
Da placentária forma que não mais verei.
O tempo escorreu líquido
Entre as erosões do meu ser.
Se cresci ou me afoguei , já não sei....
Hoje verte o amniótico
Do meu olhar de cabeça pra baixo
Posto assim, feto enfim
Líquido em mim
Mergulho enfim no fundo de mim
E em cada amniótica lágrima
Que constrói círculos no mar abismal
Vejo sílabas de mim
A reconstruir, infinitas vezes, esse poema .
 
 
 
 
 
 
 
 
 

“Para o meu coração teu peito basta
Para que sejas livre, minhas asas”

(PABLO NERUDA)
 
 

APENAS UM ESTUDO

Celofane
Microfone Fone
Celular se descarrega
Pulse ou tone,
Tony ?
Cubo ou cone,
Clone ?
É Ciclone !
É o quê ?
É o quê ?
Apenas celofane.....

Fax de Marx
Cartas de Anne (Frank)
Livro de Gore
Italiano decore
Coisas em pífanos.

Plocs espoque
Viram ex-plocs
Meninam

Cleptos clocks
Roubam o tempo
Em sinos

Demos demoram
Rodam decoram
Se adocicam

Melhores notas
Há nas gaivotas
Que em destinos.
 

Riem os ricos
Doam os ricos os sinos
Coitam nos picos
Naves igrejas meninos

Rezam uma reza
Treze aves
Treze aves voam amém
Rezam e rasam
 

Riem as donas
Donas das panças
Da criança, do signo

Rodam a saia
Há quem desmaia
Rodam o rito
Ai, eu não grito

Roem o tempo
Trazem rebento
Bonito

Pinta-me bordam
Brincam imploram
Duvidam
 
 
 

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