Caro Editor,Venho por meio desta demonstrar, respeitosamente, toda minha indignação frente ao descaso com que vossos poetas têm tratado o saudoso urubu.
Eu, como presidente honorário “Organization for Protation of Urubu” (OPU) – e como torcedor do Mengão – indignei-me com as palavras da ilustre – e diga-se de passagem brilhante – poetisa que qualificara o bom e velho urubu como sendo a “despoetização da andorinha” (Propoe 24 – editorial). Como pôde, caro Editor, ser complacente com tamanha falta de sensibilidade ?
Digo-lhe, pois, que muito mais que a despoetização da andorinha, nosso bom e velho grande pássaro representa sim a mais bela e completa versificação da andorinha a aquarelar as páginas da natureza. Creia portanto, caro Editor, que, ao bailar hegemônico nas celestes alturas, o ostentoso urubu mantém com a singela andorinha uma plena e recíproca relação poética. Altera-se a forma e incrementa-se o conteúdo, mas, na essência, a liberdade permanece preponderante tal qual a sutileza do hai-kai porta-se frente à sua majestade, o soneto.
Afirmo-lhe, pois, não fosse o custo processual e a idolatria quase incondicional deste relator tanto pelo ilustre editor quanto pela brilhante poetisa, encarregar-me-ia de processá-los junto à OPU por tanto desrespeito ao pobre bichinho.
No mais, saudosas considerações e até o próximo verso !