ADAIR CARVALHAIS JÚNIOR
 
 
 

BRECHAS

entre os dias e as
noites uma parte
de mim caminha nos estreitos
limites do amor

as outras empilham pedras dobram
e redobram esforços constróem
muros inventam
abismos

procuram todas insistentes me
achar mas a cada flanco
descoberto ilumina-se uma nova
ausência de mim
 
 
 

VESTÍGIOS

ao acordar percebo na
luz frágil do quarto os sonhos
esquecidos meus

caminhos tropeçam o dia
inteiro nos longes que me
impus meu

dormir jamais espanta
o frio das ruas do meu
corpo

imenso coalhado dos resíduos das
marcas das nódoas
e da chuva perene
 
 
 

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