EDUARDO PHI
 
 
 
 

POEMA MIMADO

Admiro os feios confessos,
os gordos inculpados,
os magros esqueléticos,
os zarolhos assumidos...
Admiro tudo o que é feio e se sabe feio
- e o sabendo, é vaidoso,
passa horas diante do espelho
penteando sua feiúra
acima do Bem e do Mal,
acima da necessidade orgânica de ser hipócrita.

Não temos poemas feios!
Como não temos filhos feios.
O problema é que há beleza de mais no mundo,
o problema é que há beleza de sobra em nós,
o problema é que a feiúra é um problema
e nós não temos problemas,
antes fossem pobremas,
mas nem pobres nós somos...
só temos poemas, poemas e poemas...

Os nossos poemas não se penteiam
- a gente que tem que pentear eles,
repartidos ao meio, como a gente gosta,
lambidos e sem cabelo ruim.
E como cheiram bem, impecáveis.
Os nossos poemas não suam !
E não é só isso:
os nossos poemas não fazem pum !
E limpamos o bumbum dos nossos poeminhas
- manhê, terminei.
 
 

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