Luiz de Aquino
 
 
 

AMANHECE

Eu sei de mim,
que me furto nos copos
em bares menores da noite.

Eu sei de meus gritos
íntimos
quando sinto o silêncio dum olhar
qual mortalha de tudo
o que seria nosso.

São gritos perdidos
num peito enorme,
de coisas estranhas que se expandem
na solidão das noites.

De nada vale o trinar do pardal
na manhã:
a noite foi longa
e só.
 

( Sinais da madrugada, 1983)
 
 



 
 
 

AUSÊNCIA DE NÓS

Porque te vi distante
turvaram-me os olhos
e não tive voz pra lamentar.
Porque não saímos os dois
pela tarde
perdi-me na noite
e não sei do amanhã.

Ao lado, tua falta.
 No peito, ausência de mim
 

(De mãos dadas com a lua, 1984)
 
 



 
 
 

DE MÃOS DADAS COM A LUA

A pureza das noites
eu as tenho nos olhos
nem sempre brilhantes,
nem sempre lúcidos
mas voltados pra dentro
da minha certeza
de ter teu carinho
nos copos curtidos
de cada rodada.

Se eu chegar em silêncio
ao escuro do quarto,
ignora-me a fraqueza,
pois que tenho nas mãos
a pureza das noites.
 

(De mãos dadas com a lua, 1984)
 
 
 

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